A perseguição de cristãos em partes do mundo está próxima dos níveis de “genocídio”, segundo um relatório ordenado pelo secretário de Estado do Reino Unido, Jeremy Hunt.
O estudo, liderado pelo bispo de Truro, reverendo Philip Mounstephen, estimou que uma em cada três pessoas sofre de perseguição religiosa no mundo. Os cristãos foram o grupo religioso mais perseguido, apontou o relatório.
Hunt disse que achava que o politicamente correto era responsável pela questão não vir estar sendo confrontada, tal como deveria.
O relatório interino disse que o principal impacto dos “atos genocidas contra os cristãos é o êxodo” e que o cristianismo está encarando a realidade de ser “exterminado” de partes do Oriente Médio.
Alertou também que a religião “está em risco de desaparecer” em algumas partes do mundo, apontando para números que afirmavam que os cristãos na Palestina representam menos de 1,5% da população, enquanto no Iraque eles caíram de 1,5 milhão, antes de 2003, para menos de 120 mil.
“A evidência mostra não apenas a expansão geográfica da perseguição anticristã, mas também sua crescente severidade”, escreveu o bispo.
“Em algumas regiões, o nível e a natureza da perseguição estão indiscutivelmente chegando perto de atender à definição internacional de genocídio, de acordo àquela adotada pela ONU.”
A secretária de Estado dos EUA encomendou o estudo no Boxing Day 2018 em meio a um clamor pelo tratamento dispensado à Asia Bibi, uma mulher cristã que enfrentou ameaças de morte, após ser absolvida de blasfêmia no Paquistão.
Tais revelações ocorrem depois que mais de 250 pessoas foram mortas e mais de 500 ficaram feridas em ataques a hotéis e igrejas no Sri Lanka no domingo de Páscoa.
Hunt, que está em uma semana de viagem na África, disse pensar que os governos estão “adormecidos” a respeito da perseguição aos cristãos, mas que este relatório e os ataques no Sri Lanka “acordaram todo mundo com um enorme choque”.
Ele acrescentou: “Eu acho que há uma preocupação equivocada de que seja uma forma de colonialismo falar sobre uma religião que esteve associada a potências coloniais, ao invés de se referir a países nos quais fomos colonizadores no passado”.
‘Atmosfera do politicamente correto’
“Isso talvez tenha criado um constrangimento ao falar sobre essa questão – o papel dos missionários sempre foi controverso e, acho, também levou algumas pessoas a se afastarem desse assunto.
“O que esquecemos nessa atmosfera de politicamente correto é que os cristãos que estão sendo perseguidos são algumas das pessoas mais pobres do planeta.”
Em resposta ao relatório, a presidente do Conselho de Deputados dos Judeus Britânicos, Marie van der Zyl, disse que os judeus foram muitas vezes os alvos de perseguição e que sentia pelos cristãos que foram discriminados com base em sua fé.
“Seja em regimes autoritários, ou fanatismo mascarado com o disfarce da religião, relatórios como o lançado hoje nos lembram que existem muitos lugares em que os cristãos enfrentam níveis terríveis de violência, abuso e assédio”, disse ela.
O estudo deve publicar suas conclusões finais no verão (europeu).
Fonte: BBC United Kingdom.
Tradução livre.