Por: Paulo Henrique Cremoneze e Leonardo Quintanilha
No especial de Natal deste ano, o grupo Porta dos Fundos, em sua ânsia inesgotável de trazer o cristianismo ao ridículo, resolveu criar um namorado para Jesus Cristo. Sim, leitor. Você não leu errado. Os comediantes ainda acharam boa ideia enxovalhar as figuras de José, Maria e de quem mais pudessem.
Porta dos Fundos realmente é um grupo inovador. Cada ano, um novo modo de fazer humor ruim. Sua estupidez sempre se renova. Claro, há quem ria das piadas — consta que há. Isso não se deve, porém, a uma conexão real com a índole espirituosa do brasileiro.
O riso nasce do achincalhe grosseiro, do afã de chocar e criar polêmica com o mais sacro valor do povo. Seus participantes saem de cena, em saltitante alegria, cheios daquele prazer com que os adolescentes brindam a transgressão mais besta. É comédia retórica. O êxito depende menos de graça própria que de concordância de ideias, ou da falta delas.
Por outro lado, se alguém levanta voz em defesa da família ou do nascituro, já se faz logo um escândalo midiático, com aquelas conhecidíssimas acusações de fanatismo religioso, intolerância, fascismo etc., etc. Contra este tipo de coisa, no entanto, ninguém se insurge. Nem mesmo os cristãos. É de se perguntar por que tais grupos nunca escarnecem dos muçulmanos, por exemplo. Eis um questionamento interessante.
Vivemos num tempo de fobias. Ora, há fobias para todos os gostos, menos para os cristãos, o saco de pancada preferido pela mídia e por maus artistas. Por que então não considerar que houve um ato de cristofobia? Por que não exigir medidas legais contra isso?
Se o Brasil fosse mesmo um país orgulhoso de sua cristandade, esses elementos não teriam público nem espaço no entretenimento. Boicotes aos produtos e serviços anunciados por alguns deles se fariam de moto próprio, e até com certa frequência. Mas nada disso ocorre. Pelo contrário: concedem a Duvivieres e Porchats cada vez mais força e prestígio.
Não adianta participar de Missa ou do culto, dizer-se cristão, e não defender a dignidade daquele a quem tem como Deus. Frequentar a Igreja e não mover um dedo contra o ataque à fé equivale a pecar por tibieza, assumir hipocrisia ou algum distúrbio pior. Assistir a novelas, que pisam em seus valores, ou ao Porta dos Fundos, que mal os tem, também não ajuda.
É preciso buscar medidas judiciais contra essa patacoada e seus protagonistas. A liberdade não é um valor absoluto. Nem poderia ser. Sua existência pressupõe certos limites, sob pena de se anular a si mesma.
Em resposta dirão que o Estado é laico. Sim, é verdade. Mas não é laica a sociedade cujos valores ele pretende representar. Erra-se muito em achar que essa constatação exime alguém de respeitar a liberdade religiosa. Equivoca-se bastante ao concluir que dessa laicidade se possa pisotear à vontade as garantias e os princípios mais caros ao cidadão. Atacar cristãos já virou esporte; ninguém nunca reage.
O fato é: ou os cristãos se unem em verdadeira cruzada nos campos jurídico e cultural, ou é melhor desistir da fé. Basta de ficar quieto. Basta de oferecer a outra face dum modo que o próprio Cristo condenaria.